O Simbólico, o Imaginário e o Real no Entendimento da Subjetividade Autista

Introdução

A psicanálise oferece uma perspectiva profunda sobre a maneira como os indivíduos autistas se relacionam com o mundo, principalmente por meio dos conceitos de simbólico, imaginário e real. Esses conceitos são centrais para o entendimento da subjetividade humana e, quando aplicados ao autismo, revelam como as dificuldades de interação social e linguagem muitas vezes resultam de uma relação diferenciada com esses três registros (Lacan, 1998). Este artigo explora essa dinâmica e propõe uma visão que respeita as formas singulares de expressão dos autistas.

Desenvolvimento

O simbólico, na psicanálise, refere-se à linguagem e às normas sociais que organizam a experiência humana. Para muitas pessoas autistas, o acesso ao simbólico é um desafio, pois elas frequentemente não conseguem se inserir nesse campo de maneira convencional. A dificuldade de interagir socialmente ou de seguir normas linguísticas é muitas vezes vista como um “defeito”, mas, na verdade, reflete uma relação singular com o simbólico.

Já o real representa aquilo que escapa à simbolização. Para pessoas autistas, o real pode ser uma presença avassaladora, manifestada por meio da hipersensibilidade a estímulos sensoriais, como sons e luzes. Comportamentos repetitivos, como balançar o corpo ou repetir palavras, são formas de lidar com esse excesso de real, tentando criar uma sensação de controle e segurança em um ambiente caótico.

O imaginário, por sua vez, é o campo das identificações e das ilusões, onde construímos nossa imagem de nós mesmos e dos outros. No caso dos autistas, o imaginário pode ser menos acessível ou manifestar-se de forma muito diferente, o que afeta a maneira como eles se identificam com outras pessoas e como percebem o mundo social.

Conclusão

Os conceitos de simbólico, imaginário e real oferecem uma base sólida para entender a subjetividade autista de uma forma mais rica e menos estigmatizante. Ao invés de tentar forçar os autistas a se encaixarem nas normas simbólicas da sociedade, é importante reconhecer e valorizar suas formas singulares de se relacionar com o mundo, respeitando suas dificuldades e oferecendo suporte que leve em conta suas necessidades emocionais e sensoriais.

Referências

Lacan, J. (1998). Os Escritos. Rio de Janeiro: Zahar.

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