A Rotina de uma Assistente Terapêutica ABA em uma Clínica

Introdução

A rotina de uma Assistente Terapêutica (AT) em Análise do Comportamento Aplicada (ABA) é fundamental para a eficácia das intervenções terapêuticas realizadas em clínicas que atendem pacientes com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Este artigo, elaborado por Paula Armero da Cruz, graduanda do sexto período de graduação na Faculdade Anhanguera de Pindamonhangaba e Assistente Terapêutica ABA, busca descrever os principais aspectos dessa rotina, incluindo a integração do AT na equipe, a organização do ambiente de trabalho, e as práticas recomendadas para lidar com os desafios diários. Além disso, são discutidas as estratégias para manter uma comunicação eficaz e um ambiente colaborativo entre os profissionais da clínica.

Desenvolvimento

No primeiro dia de trabalho, a Assistente Terapêutica ABA é recebida calorosamente na clínica, onde é apresentada à equipe e conduzida a uma visita guiada pelas instalações. Durante essa visita, a AT toma conhecimento dos espaços onde ocorrerão as sessões de terapia, como salas de espera, banheiros, e áreas comuns. São apresentados os materiais que utilizará, como brinquedos, jogos educacionais e materiais de comunicação alternativa, entre outros. A organização desses materiais de forma acessível e atraente para os pacientes é um dos primeiros aprendizados importantes para o AT, sendo uma prática que contribui significativamente para o sucesso das intervenções (Smith, 2016).

A rotina do AT também envolve o aprendizado sobre programas específicos como o PECS (Sistema de Comunicação por Troca de Figuras) e o VB-MAPP (Avaliação do Perfil de Habilidades Verbais), ferramentas fundamentais para a comunicação e avaliação do progresso dos pacientes. A personalização dos materiais de acordo com as necessidades e interesses de cada paciente é uma prática recomendada, permitindo que as intervenções sejam mais eficazes e adaptadas ao perfil individual de cada criança (Green, Ganz & Neely, 2020).

Uma parte essencial da rotina do AT é a interação direta com os pacientes, que envolve a adaptação de comportamentos e linguagens de acordo com os diferentes níveis de autismo apresentados pelas crianças atendidas na clínica. A importância do vestuário adequado, que deve ser confortável e evitar estímulos visuais excessivos, é enfatizada. Adornos como brincos pendurados, cordões longos e pulseiras devem ser evitados para prevenir distrações e possíveis lesões durante as intervenções (Johnson, Meadan & Ostrosky, 2018).

Além do manejo dos materiais e das interações com os pacientes, a AT deve seguir diretrizes claras estabelecidas pela clínica, como a proibição de consumir o lanche dos pacientes e a necessidade de buscar supervisão em situações de incerteza ou quando não se sente preparada para agir. A organização do ambiente terapêutico, incluindo a manutenção da sala e o quadro de rotinas atualizado, é fundamental para proporcionar um ambiente estruturado e previsível para as crianças, o que contribui para um dia mais produtivo e agradável para o paciente (Taylor & LeBlanc, 2019).

O relacionamento entre a Assistente Terapêutica e as famílias dos pacientes é outro aspecto essencial da rotina. A AT deve manter uma comunicação aberta e transparente com os pais, fornecendo feedback regular sobre o progresso da criança e envolvendo-os ativamente no processo terapêutico. A criação de um ambiente de confiança e colaboração entre a AT e as famílias é essencial para o sucesso das intervenções (Davis & Carter, 2019).

Para manter um ambiente de trabalho harmonioso, a AT deve cultivar relações de respeito mútuo e colaboração com os outros membros da equipe. Práticas como escuta ativa, empatia, e comunicação clara são incentivadas para prevenir conflitos e promover um ambiente de trabalho saudável. Em caso de conflitos, é importante que a AT busque resolvê-los de forma construtiva, utilizando diálogos francos e, se necessário, solicitando a mediação de um membro mais experiente da equipe (Johnson et al., 2018).

Conclusão

A rotina de uma Assistente Terapêutica ABA em uma clínica é marcada pela organização, cuidado e dedicação em proporcionar o melhor suporte possível para os pacientes e suas famílias. Desde a adaptação ao ambiente clínico até a manutenção de uma comunicação eficaz com os colegas e as famílias, a AT desempenha um papel essencial no sucesso das intervenções terapêuticas. Com uma rotina bem estruturada e um ambiente de trabalho colaborativo, as ATs estão preparadas para enfrentar os desafios diários e contribuir significativamente para o desenvolvimento dos pacientes.

Referências

  • DAVIS, T. N.; CARTER, A. S. Parenting stress in mothers and fathers of toddlers with autism spectrum disorders: Associations with child characteristics. Journal of Autism and Developmental Disorders, 49(6), 2449-2463, 2019.
  • GREEN, G.; GANZ, J.; NEELY, L. The implementation of the Picture Exchange Communication System (PECS) protocol with individuals with developmental disabilities: A meta-analysis. Journal of Developmental and Physical Disabilities, 32(2), 217-242, 2020.
  • JOHNSON, L. M.; MEADAN, H.; OSTROSKY, M. M. Addressing the social and emotional needs of young children with autism spectrum disorder: The value of interventionists’ perspectives. Journal of Early Intervention, 40(1), 64-78, 2018.
  • SMITH, J. K. Applied Behavior Analysis for Practitioners. Guilford Publications, 2016.
  • TAYLOR, B. A.; LEBLANC, L. A. Empirically supported treatments in autism spectrum disorder: A review of the literature. Research in Autism Spectrum Disorders, 64, 1-13, 2019.

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