Formação Necessária para Tornar-se um Assistente Terapêutico ABA

Introdução

A Análise do Comportamento Aplicada (ABA) é amplamente reconhecida como uma abordagem eficaz para a modificação de comportamentos em indivíduos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e outras condições de neurodesenvolvimento. O papel do Assistente Terapêutico (AT) em ABA é central na implementação dessas intervenções, exigindo uma formação específica que combine conhecimento teórico e habilidades práticas. Este artigo, elaborado por Paula Armero da Cruz, graduanda do sexto período de graduação na Faculdade Anhanguera de Pindamonhangaba e Assistente Terapêutica ABA, examina os elementos essenciais da formação de um AT, destacando a importância de cursos específicos, estágios supervisionados e a busca contínua por desenvolvimento profissional.

Desenvolvimento

A formação de um Assistente Terapêutico em ABA é diversificada, começando com uma sólida compreensão dos princípios e conceitos fundamentais desta abordagem terapêutica. Cursos introdutórios em psicologia e análise do comportamento são cruciais para estabelecer essa base, permitindo ao futuro AT entender como os comportamentos são aprendidos e modificados. Estes cursos devem abranger tópicos como reforço, punição, modelagem, e encadeamento, além de técnicas para coleta e análise de dados. Essa base teórica é indispensável para a aplicação prática das intervenções de ABA.

Um aspecto essencial da formação é o treinamento específico em ABA, que geralmente possui uma carga horária mínima de 40 a 180 horas. Esses cursos oferecem a oportunidade de desenvolver habilidades práticas e técnicas necessárias para implementar intervenções com eficácia. A formação inclui não apenas a teoria, mas também a prática de coleta de dados e análise comportamental, que são fundamentais para monitorar o progresso dos indivíduos e ajustar as intervenções conforme necessário. Além disso, a formação em ABA aborda estratégias de intervenção específicas, como programas de ensino, estruturação de ambientes, e desenvolvimento de habilidades sociais e comunicação funcional.

Outro componente fundamental da formação de um AT é o estágio supervisionado, onde o aluno tem a oportunidade de aplicar os conhecimentos adquiridos em um ambiente prático. Durante esse período, o futuro AT trabalha sob a orientação de um profissional experiente, o que permite a prática de habilidades de intervenção, a observação de comportamentos reais, e o aprimoramento das interações com as crianças e suas famílias. Este estágio é essencial para garantir que o AT esteja preparado para enfrentar os desafios da prática profissional, proporcionando uma transição suave da teoria para a prática.

A aprendizagem contínua é outro pilar importante na formação de um AT. Mesmo após a conclusão do treinamento inicial, é essencial que os ATs busquem continuamente atualizar seus conhecimentos e habilidades. Isso pode ser feito por meio de workshops, conferências, leituras, e cursos adicionais. Especializações em áreas específicas, como análise de comportamento verbal, habilidades sociais, ou intervenções para necessidades específicas, também são recomendadas para ampliar o conjunto de habilidades do AT e suas oportunidades de carreira. A busca contínua por desenvolvimento profissional não só aumenta a eficácia do AT, mas também demonstra um compromisso com os mais altos padrões de prática profissional.

Embora a certificação ou credenciamento em ABA não seja obrigatória em todos os lugares, obter essa qualificação pode ser vantajoso para os ATs. A certificação, como a oferecida pelo Behavior Analyst Certification Board (BACB), é reconhecida internacionalmente e demonstra um compromisso com os padrões profissionais e éticos mais elevados. Além de aumentar a credibilidade do AT, a certificação também pode abrir portas para oportunidades de emprego em clínicas e escolas que exigem essa qualificação.

O mercado de trabalho para Assistentes Terapêuticos em ABA é variado e pode incluir posições em clínicas, escolas, ou serviços de atendimento domiciliar. O salário de um AT pode variar significativamente dependendo da localização, nível de experiência, e tipo de empregador. Em média, o salário por hora no Brasil pode variar entre R$15 a R$75. Além disso, muitas clínicas contratam estagiários de psicologia que desejam se tornar aplicadores de ABA, oferecendo uma oportunidade valiosa para ganhar experiência prática enquanto cumprem suas horas de estágio obrigatórias.

Trabalhar como AT é um desafio significativo, mas também altamente recompensador. Ver uma criança com TEA progredir graças às intervenções aplicadas é motivo de grande satisfação. No entanto, os ATs enfrentam muitos obstáculos diariamente, desde questões emocionais até desafios práticos no manejo do comportamento. É importante que os ATs compreendam a necessidade de autoconhecimento e resiliência para lidar com as demandas dessa profissão. Dado o impacto emocional do trabalho, é essencial que os ATs também façam terapia para lidar com as questões que surgem no dia a dia.

Conclusão

A formação para se tornar um Assistente Terapêutico em ABA é rigorosa e abrangente, envolvendo tanto a aquisição de conhecimento teórico quanto o desenvolvimento de habilidades práticas. A combinação de cursos introdutórios, treinamento específico, estágio supervisionado, e aprendizagem contínua prepara os ATs para enfrentar os desafios da profissão e proporcionar intervenções eficazes para indivíduos com TEA e outras condições de neurodesenvolvimento. A certificação em ABA, embora não obrigatória, pode aumentar a credibilidade do AT e abrir novas oportunidades de carreira. Com uma formação sólida e um compromisso com o desenvolvimento contínuo, os ATs estão bem equipados para fazer uma diferença significativa na vida das pessoas com quem trabalham.

Referências

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