Níveis de Suporte no TEA

Introdução
O diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA) inclui não apenas a identificação dos sintomas centrais, como déficits de comunicação social e comportamentos repetitivos, mas também a avaliação da gravidade desses sintomas. No DSM-5, a introdução dos níveis de suporte permitiu uma maior personalização dos tratamentos, adaptando o tipo e a quantidade de suporte necessário de acordo com as características individuais de cada pessoa. Este artigo explora em detalhes os três níveis de suporte no TEA, suas implicações para o planejamento terapêutico e como eles podem melhorar a qualidade de vida dos indivíduos com autismo.


Desenvolvimento

Nível 1: Requer Suporte
O Nível 1 é o mais leve da classificação, representando indivíduos que têm dificuldades sociais notáveis, mas conseguem funcionar com algum suporte. Esses indivíduos podem ter dificuldade em iniciar interações sociais e podem parecer desinteressados ou ter respostas inadequadas em interações. Os comportamentos repetitivos, embora presentes, interferem em seu funcionamento, mas geralmente podem ser administrados com suporte mínimo.

Indivíduos nesse nível podem precisar de intervenções comportamentais, como a Análise do Comportamento Aplicada (ABA), para desenvolver habilidades sociais e superar barreiras na comunicação. O suporte pode ser oferecido em ambientes educacionais ou de trabalho, com ajustes mínimos para garantir a inclusão e participação social.

Nível 2: Requer Suporte Substancial
O Nível 2 é caracterizado por déficits sociais mais significativos, que resultam em interações limitadas e respostas anormais a tentativas de interação. Esses indivíduos têm maior dificuldade em lidar com mudanças e em se adaptar a novas situações. Os comportamentos repetitivos são mais evidentes e interferem substancialmente na vida diária.

Indivíduos que requerem suporte substancial podem se beneficiar de uma combinação de terapias comportamentais e ocupacionais para ajudar na regulação emocional e no desenvolvimento de habilidades sociais. O suporte adicional em casa e na escola ou no trabalho é geralmente necessário para garantir que eles possam funcionar adequadamente em contextos sociais e educacionais. Esse nível também pode exigir um plano de intervenção mais robusto, com atenção específica às habilidades adaptativas e de autocuidado.

Nível 3: Requer Suporte Muito Substancial
O Nível 3 é o mais alto da classificação e envolve indivíduos com déficits sociais graves, que apresentam interações muito limitadas e respostas mínimas a tentativas de interação social. Esses indivíduos geralmente têm comportamentos repetitivos tão intensos que dificultam a execução de atividades diárias. Eles podem não conseguir lidar com mudanças de rotina ou lidar com novas situações sem suporte constante.

O suporte no Nível 3 é muito substancial e envolve intervenções intensivas, frequentemente baseadas em uma equipe multidisciplinar. As terapias comportamentais podem ser mais estruturadas e intensivas, focando em reduzir comportamentos desafiadores e em melhorar habilidades básicas de comunicação e interação. O suporte constante em casa, na escola e em outros ambientes é essencial para garantir que as necessidades diárias sejam atendidas.

A Importância da Classificação por Níveis de Suporte
A introdução dos níveis de suporte no DSM-5 foi um avanço importante para o diagnóstico do TEA, pois permite que os profissionais de saúde mental adaptem os planos de tratamento de acordo com as necessidades individuais. Em vez de tratar todos os indivíduos com TEA da mesma maneira, essa classificação oferece uma abordagem personalizada que reconhece a diversidade de manifestações dentro do espectro.

A personalização do tratamento é essencial para garantir que os indivíduos recebam o nível adequado de suporte necessário para melhorar suas habilidades e alcançar maior independência. A avaliação regular do nível de suporte também permite ajustes ao longo do tempo, à medida que as habilidades do indivíduo se desenvolvem e suas necessidades mudam.


Conclusão
Os níveis de suporte no Transtorno do Espectro Autista oferecem uma estrutura para avaliar as necessidades individuais e personalizar o tratamento de acordo com a gravidade dos sintomas. Essa abordagem permite que os profissionais de saúde mental desenvolvam intervenções mais eficazes e que atendam às necessidades únicas de cada pessoa no espectro. Ao garantir que o nível adequado de suporte seja fornecido, é possível promover uma maior qualidade de vida e ajudar os indivíduos com TEA a desenvolver habilidades sociais, comunicativas e de autocuidado.


Referências Bibliográficas
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders – DSM-5. 5ª ed. Arlington, VA: American Psychiatric Publishing, 2013.
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MERCADANTE, M. T., GAAG, R. J., SCHWARTZMAN, J. S. Transtornos do Espectro Autista: Avaliação e Diagnóstico. Revista de Psiquiatria Clínica, v. 33, n. 2, p. 61-64, 2006.

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