Introdução
A extinção é uma técnica amplamente usada na Análise do Comportamento Aplicada (ABA) para reduzir comportamentos indesejados, ao remover o reforço que mantém o comportamento. Quando o reforço é retirado, o comportamento perde sua função e, eventualmente, diminui em frequência ou desaparece. No entanto, o processo de extinção pode ser desafiador, pois frequentemente leva a um aumento temporário do comportamento antes de começar a diminuir—a chamada explosão de extinção. Este artigo examina como a extinção funciona, seus desafios e como ela pode ser aplicada para modificar comportamentos problemáticos de maneira eficaz.
Desenvolvimento
O Que é Extinção na ABA?
Na ABA, extinção refere-se à remoção do reforço que mantém um comportamento. Quando um comportamento é repetidamente reforçado, ele tende a ocorrer com mais frequência. No entanto, quando o reforço que mantém o comportamento é interrompido, o comportamento perde sua função e diminui com o tempo. A extinção é eficaz para lidar com uma variedade de comportamentos, desde birras em crianças até comportamentos de autolesão em indivíduos com Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Por exemplo, uma criança que faz birra para obter atenção dos pais pode continuar fazendo birra porque, no passado, essa estratégia foi bem-sucedida. Ao ignorar as birras (removendo o reforço), o comportamento de birra pode diminuir com o tempo, pois a criança aprende que esse comportamento não leva ao resultado desejado.
Exemplo de Extinção na Prática
Considere uma criança chamada João, que grita toda vez que quer sair da sala de aula. Após uma análise funcional, descobre-se que o grito de João é reforçado pela atenção imediata que ele recebe dos professores e colegas. Ao aplicar a extinção, os professores são orientados a não responder imediatamente aos gritos, retirando o reforço da atenção. Com o tempo, João aprende que gritar não resulta mais em atenção, e o comportamento começa a diminuir.
Explosão de Extinção
Um dos desafios mais comuns associados à extinção é o fenômeno conhecido como explosão de extinção. Quando o reforço é removido, o comportamento pode inicialmente aumentar em frequência ou intensidade antes de começar a diminuir. Isso ocorre porque o indivíduo tenta intensificar o comportamento para tentar obter o reforço que costumava receber.
Por exemplo, se uma criança que costuma gritar para obter atenção não receber mais a resposta desejada, ela pode começar a gritar ainda mais alto ou por mais tempo. Os cuidadores podem ser tentados a ceder durante essa explosão de extinção, mas fazê-lo reforçaria o comportamento e tornaria a extinção ineficaz.
A explosão de extinção é temporária e, se a extinção for mantida de forma consistente, o comportamento eventualmente diminuirá. No entanto, é importante que os analistas do comportamento preparem os cuidadores e educadores para lidar com esse aumento temporário de comportamento, para garantir que a extinção seja aplicada de maneira eficaz.
Considerações Éticas e Práticas na Aplicação da Extinção
Embora a extinção seja uma técnica eficaz, deve ser aplicada de forma ética e responsável. Remover o reforço de um comportamento problemático sem fornecer uma alternativa apropriada pode causar frustração e até mesmo aumentar o estresse do indivíduo. Por essa razão, a extinção geralmente é acompanhada de estratégias de reforço diferencial, onde comportamentos alternativos apropriados são reforçados, ao mesmo tempo que o comportamento indesejado é extinto.
Por exemplo, se uma criança está recebendo reforço por birras, a extinção das birras pode ser combinada com o reforço de comportamentos mais adequados, como pedir ajuda verbalmente. Isso garante que o indivíduo tenha uma alternativa positiva para atingir o mesmo objetivo, minimizando a frustração e o risco de comportamentos problemáticos subsequentes.
Outro aspecto ético importante é garantir que o comportamento a ser extinto não envolva riscos à segurança ou ao bem-estar do indivíduo. Em casos de comportamentos de autolesão, por exemplo, o uso de extinção deve ser acompanhado de intervenções adicionais para garantir que o comportamento não seja reforçado de outras formas e que a segurança do indivíduo seja priorizada.
Extinção e Generalização
A extinção não se limita ao ambiente onde o comportamento foi aprendido. Um dos objetivos da ABA é garantir que a extinção do comportamento ocorra em uma variedade de ambientes e contextos. Isso significa que os analistas do comportamento precisam trabalhar para garantir que o comportamento indesejado não seja reforçado inadvertidamente em outros ambientes, como em casa, na escola ou em locais públicos.
A generalização do processo de extinção é crítica para garantir que o comportamento indesejado não seja mantido ou reforçado em outros contextos. Isso exige a colaboração entre cuidadores, educadores e profissionais de saúde para garantir consistência na aplicação da extinção e evitar o reforço acidental do comportamento em diferentes ambientes.
Conclusão
A extinção é uma técnica poderosa na Análise do Comportamento Aplicada para reduzir ou eliminar comportamentos problemáticos, ao remover o reforço que os mantém. Embora o processo de extinção possa ser desafiador, especialmente devido à explosão de extinção, sua aplicação consistente e ética pode resultar em mudanças comportamentais duradouras. Ao combinar a extinção com estratégias de reforço positivo para promover comportamentos alternativos, os analistas do comportamento podem garantir que o indivíduo desenvolva habilidades mais apropriadas e eficazes para lidar com o ambiente. A extinção, quando usada corretamente, pode melhorar significativamente a qualidade de vida e promover a adaptação em vários contextos.
Referências Bibliográficas
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